terça-feira, 19 de outubro de 2010

Cientistas criam células hepáticas a partir da pele

 

Estudo com células-tronco pluripotentes abre caminho para novos tratamento de doenças do fígado



Foto: Reuters
Células hepáticas doentes, como na foto, podem ser substituídas por células reprogramadas
Cientistas criaram pela primeira vez células hepáticas humanas a partir de células cutâneas reprogramadas, abrindo caminho para o possível desenvolvimento de novos tratamentos para doenças do fígado, que matam milhares de pessoas por ano.
Cientistas da Universidade de Cambridge divulgaram os resultados na quarta-feira na revista Journal of Clinical Investigation, e relataram também que conseguiram evitar as polêmicas éticas e políticas em torno das pesquisas com células-tronco embrionárias.
"Esta tecnologia contorna a necessidade de usar embriões humanos", disse Tamir Rashid, do laboratório de medicina regenerativa de Cambridge, coordenador do estudo. "As células que criamos eram tão boas quanto se estivéssemos usando células-tronco embrionárias."
As células-tronco são uma espécie de "manual de instruções" do organismo, capazes de dar origem a qualquer tipo de tecido, o que pode no futuro levar à cura de diversas lesões e doenças degenerativas.
As células-tronco retiradas de embriões são consideradas mais maleáveis e poderosas, mas muitos se opõem às pesquisas com esse material por causa da necessidade de destruir os embriões.
Nesta semana, um juiz federal dos EUA concedeu liminar proibindo o uso de verbas públicas em pesquisas com células-tronco embrionárias.
As doenças hepáticas são a quinta principal causa de mortes nas nações desenvolvidas. Só nos EUA, são cerca de 25 mil óbitos anuais, e na Grã-Bretanha pesquisadores afirmam que a incidência entre jovens e pessoas de meia idade aumenta 8 a 10 por cento ao ano.
Rashid disse que, apesar de 40 anos de tentativas, os cientistas nunca haviam conseguido desenvolver células hepáticas em laboratório, o que tornava extremamente difícil as pesquisas sobre as doenças do fígado.
Devido à escassez de doadores de fígado, é urgente encontrar alternativas aos transplantes, disse Rashid.
O novo estudo aponta a possibilidade do desenvolvimento de novas drogas, ou de uma terapia à base de células - em que as células dos pacientes com doenças genéticas são "curadas" e transplantadas de volta para o organismo.
As doenças hepáticas podem ser herdadas, ou causadas por abuso do álcool ou infecções como a hepatite.
Para o estudo, a equipe de Rashid pegou amostras da pele de sete pacientes que sofriam de várias doenças hepáticas genéticas, e três de pessoas saudáveis, que serviram como comparação.
Eles reprogramaram as células cutâneas para se transformarem nas chamadas células-tronco pluripotentes induzidas, e então as reprogramaram para gerar células hepáticas que imitavam diversas doenças do fígado dos pacientes. Os cientistas usaram a mesma técnica para criar células hepáticas saudáveis a partir do grupo de comparação.

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